quarta-feira, 27 de junho de 2007

Incorrigíveis

[ilustração do weno]



Gente, olha a Vivi aí de novo (sempre ela) rendendo boas histórias! O Brunão, meu cunhado, conseguiu perder mais um vôo ontem. Foi assim: a Vivi deixou o Bruno no aeroporto às 11:30 – pontualidade britânica – pra pegar um vôo às 12:30 pra Rondônia. Missão cumprida, não esperou o embarque. Tinha que pegar a filha na escola e chegar a tempo de filar a bóia na casa dos meus pais (que também são os dela).

Pois bem. Chegando lá, foi pegar as malas de roupa suja no porta-malas. (É que além de filar o rango, a folgada também lava a roupa lá na pensão). E... deu de cara com a mala do Bruno!
Ligou pro celular dele pra saber se ainda dava tempo de levar a bagagem no aeroporto. Ele não só não tinha sentido falta da mala como estava dentro de um táxi a caminho de casa: tinha perdido o avião - 12:30 não era o horário da decolagem, mas a hora prevista para a chegada em Porto Velho!

Êta povinho desligado!

Vivi, copiei descaradamente trechos do seu e-mail. Mas é que tava tão engraçado que deu vontade de postar ele aqui todinho. Ô, preguiça!

terça-feira, 26 de junho de 2007

Pela volta da Luluzinha

Ontem me dei conta de que nunca mais vi um gibi da Luluzinha. Fui até um jornaleiro investigar e me informaram que há muito tempo a Lulu e o Bolinha sumiram das bancas. Como eu não percebi isso antes? Foi aí que me deu uma vontade incontrolável de ler as tais revistinhas. Decidi começar uma campanha pela volta da Luluzinha!

Quando eu era criança, lia muita revistinha. Teve uma época em que meus pais foram obrigados a encerrar uma conta que tinham na banca perto de casa porque eu pegava TODOS os gibis. Imagino a fortuna que eles desembolsavam. Mônica, Cebolinha, Cascão, Chico Bento – ainda não existia gibi da Magali –, Pato Donald, Mickey, Tio Patinhas, Zé Carioca, mais a Luluzinha e o Bolinha. Todo mês!


Acho que herdei esse gosto do meu pai. Já grandinha, descobri lá no alto da estante uns gibis muito maneiros – parece que ele tinha um pouco de ciúme das revistinhas dele, com toda a razão. Encadernados em capa dura, formato grande, se chamavam simplesmente Gibi. Neles havia historinhas de vários personagens. Uns que eu nem gostava tanto, tipo Homem Aranha e Mandrake . E muitos que eu adorava: Fantasma, Betty Boop, Recruta Zero, Peanuts, Lucky Luke, Annie, Hagar. Mas eu lia todos.



O Gui (meu pai) também tinha dois livros fantásticos da Turma do Pererê (do Ziraldo), que eu li umas cem vezes cada um. Me lembro nitidamente de um episódio sobre uma festa junina. As meninas, Tuiuiú e Boneca, faziam uma simpatia – cravando uma faca na bananeira – pra descobrir com quem iriam se casar.
Compro revistinha até hoje, de vez em quando, mas só as da Turma da Mônica – a moça da banca, que me olhava com uma cara meio engraçada, até já se acostumou. Não tem coisa melhor pra ler no banheiro. Por isso fiquei um pouco culpada de não ter sentido falta da Luluzinha antes. Minha amiga de infância, pô!

Me deu uma saudade súbita da Aninha, do Careca, da dona Marocas, do pai da Lulu (será que ele se chamava Palhares? acho que sim), do Clube do Bolinha – onde menina não entrava – , do Alvinho, da Alcéia e da Meméia, do Plínio, da Glorinha, do Seu Miguel, inspetor da escola que corria atrás dos meninos que cabulavam aula. Aliás, esse verbo, cabular, eu só vi nas revistinhas da Lulu. Por que será que pararam de editar essa maravilha?

A campanha está lançada. Se voltarem a publicar o gibi, me comprometo a comprá-lo todo mês. Viu, editora Abril?


segunda-feira, 25 de junho de 2007

Os cinco estágios de uma girafa na areia movediça

Me identifiquei com essa girafa...

Máquina de fazer doido


Meu pai diz que televisão é máquina de fazer doido. Devido a essa filosofia paterna, não tínhamos TV em casa até os meus 12 anos. Isso em muito contribuiu com a minha atroz timidez na infância e pré-adolescência. Afinal, em meio a crianças televisivas no começo da era dos programas infantis comandados por louras, eu não podia dar muito pitaco em conversas relacionadas a desenhos animados. Não tinha idéia se a Xuxa batia ou não nas crianças que faziam figuração no programa, não sabia os jingles de propagandas, quais eram os últimos lançamentos em brinquedos, nem jogava videogame (Atari, lembram?). Só de férias na casa da vovó Liane, duas vezes por ano, é que eu e minhas irmãs nos interávamos desses assuntos.

Em compensação, nunca quis ser paquita nem entrar na nave da Xuxa. Em vez disso lia, lia muito. Ruth Rocha, Ana Maria e Maria Clara Machado, Lygia Bojunga, Zélia Gattai, Luis Fernando Veríssimo, José Lins do Rego, Alexandre Dumas, Maurice Druon, Coleção Vaga-Lume, João Carlos Marinho, Monteiro Lobato, Fernando Sabino, toda a coleção de Agatha Christie da minha mãe, as crônicas do Drummond, Jorge Amado, revistinhas da Mônica, Luluzinha, Pato Donald e tudo mais que caísse na minha mão. Lá em casa, nunca se economizou com livros.

Até que um dia, a máquina de fazer doido chegou. Foi aí que começou a minha mania de novelas. Via todas, inclusive a que passava de tarde – dessa, geralmente, só via o começo, esparramada na cama dos meus pais, pra puxar um soninho.

Na época de Viçosa, me afastei da TV. Tinha coisa muito melhor pra fazer. Aí me mudei pro Rio. No começo, morando na casa da minha vó, nova evolução: TV a cabo. Novos vícios: Friends, Sex and the City, Lost, Simpsons, Gilmore Girls, programas de decoração e culinária do GNT e People and Arts… Hoje em dia, morando sozinha, não tenho mais TV a cabo. Não admito pagar pra ver televisão.

Mas, com ou sem máquina de fazer doido, nunca abandonei meu vício pelos livros, que faz rombos nos meus bolsos. Mas é um dinheiro bem gasto, fundamental para preservar minha saúde mental. Estou sempre lendo pelo menos um e tenho uma reserva grande de livros ainda não lidos, pra não ter crise de abstinência. Aos autores já citados, juntaram-se na minha biblioteca Bukowski, a maravilhosa Rosa Montero, Pedro Juan Gutièrrez, Mario Vargas Llosa (que descobri recentemente, lendo o belíssimo Travessuras da Menina Má), Nelson Rodrigues, Patrícia Melo, Chico Buarque, Rubem Fonseca, Erico Veríssimo, Milan Kundera, Umberto Eco, Moacyr Scliar, Cony, Oscar Wilde, Ken Follet, uma lista que não acaba mais.

Será que se eu tivesse visto TV na infância meu amor pelos livros seria menor? Não sei. Talvez eu não fosse a fã número um da Ruth Rocha. Mas gosto de pensar que eu seria uma leitora compulsiva de qualquer jeito.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Complicada e nada, nada perfeitinha

Como diz a música, é tão bom não ser divina! Mas eu, como boa ariana – não que eu acredite em horóscopo, mas se a descrição de áries sou euzinha, que é que eu posso fazer? – , tendo a reparar muito mais nas minhas qualidades (que são muitas) do que na minha imensa coleção de defeitos. Por isso, para treinar a minha quase inexistente modéstia, resolvi escrever sobre as minhas características, digamos, não tão positivas assim.

Sou nervosinha, intolerante. Desconto todas as frustrações nas pessoas mais próximas. As mais queridas e que eu tenho certeza que vão perdoar meus arroubos de chatice sofrem com as minhas explosões. Inconseqüente, faço e falo, só depois penso. Tenho um talento teatral não descoberto. Por isso, sempre que há oportunidade faço um drama com problemas facilmente contornáveis, ridículos mesmo.

Muito bagunceira, só arrumo as tralhas quando a bagunça começa a me incomodar. Só que o nível de bagunça que me incomoda está muito acima do que apavora a maioria das outras pessoas. A Graça, faxineira milagrosa, está com problemas de saúde na família e há duas semanas não aparece. Adivinha se eu me cocei pra arrumar a casa? Taí outro defeito: sou preguiçosa pra caramba. A louça já está criando vida na pia e daqui a pouco a pilha de roupa pra passar chega no teto. O carro eu não lavo quase nunca. Como não jogo lixo na rua, ele se acumula no tapete do carona e dentro das minhas bolsas.

Compulsiva com tudo: compras – CDs, roupas, sapatos, tenho tudo demais e continuo comprando – , comida, tatuagens, sexo, drogas, roquenrou. Egoísta, tenho ciúme de coisas e de pessoas. Detesto emprestar livros e DVDs. Os CDs eu não empresto de jeito nenhum. Mas com dinheiro eu não sou egoísta. Muito pelo contrário, sou gastadeira, perdulária, sem noção.

Completamente irresponsável, acho que nunca vou deixar de ser adolescente. Tempinho bom aquele, quando te sustentam enquanto você estuda, aprende, faz cursos. Tem tanta coisa que eu ainda quero aprender. Só que agora eu tenho que trabalhar pra pagar as contas. E trabalhar é chaaaaato... Olha a preguiça aí de novo! Sempre deixo pra depois de amanhã o que eu poderia ter feito ontem.

Crítica demais, sincera demais. Já magoei muita gente com a minha franqueza excessiva. E mais: sou mimada, cheia de vontades, impaciente, chatinha, esquecida (praticamente esclerosada), gulosa, desorganizada, auto-referente, hedonista, debochada, inconstante, convencida, relaxada, reclamona, maluquinha, viciada em novela, insubordinada, abusada, incoerente, acomodada, possessiva, chantagista emocional, imediatista, carente, mal educada... Mas sou bem legal, no fim das contas. Acredita?



Vivo (Lenine)

Precário, provisório, perecível,
Falível, transitório, transitivo,
Efêmero, fugaz e passageiro:

Eis aqui um vivo.

Impuro, imperfeito, impermanente,
Incerto, incompleto, inconstante,
Instável, variável, defectivo:

Eis aqui um vivo

E apesar
Do tráfico, do tráfego equívoco;
Do tóxico do trânsito nocivo;
Da droga do indigesto digestivo;
Do câncer vir do cerne do ser vivo;
Da mente, o mal do ente coletivo;
Do sangue, o mal do soropositivo;
E apesar dessas e outras,
O vivo afirma, firme, afirmativo:
“O que mais vale a pena é estar vivo.”

Não feito, não perfeito, não completo,
Não satisfeito nunca, não contente,
Não acabado, não definitivo:

Eis aqui um vivo.

Eis-me aqui.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Futura ex-míope


Sou míope desde os 8 anos. Bom, pelo menos foi aí que descobriram. Uma professora notou que eu fazia o maior esforço pra ler no quadro. Daí pro consultório do oftalmologista e depois pra ótica foi um pulo. E de nada adiantou espernear, dizer que eu nunca ia usar aquela porcaria na cara. A miopia galopante, que começou com 0,25 grau, chegou a assustadores 7 graus. De modo que eu não me enxergo no espelho de manhã.

Aos 15 anos, descobri o que eu acreditei por muito tempo ser a maior invenção da humanidade: as lentes de contato. Finalmente estava livre dos malditos aros acoplados a lentes de fundo de garrafa! Foi amor à primeira vista. Sempre nos demos muito bem, eu e as minhas gelatinosas. Até agora.

Há coisa de um mês, meus olhos e as lentes pararam de se entender. Tá certo que eu usava as lentes mais de 12 horas por dia e que não as tratava com a assepsia recomendada. Mas sempre foi assim, por que inventaram de me sacanear agora?

Um belo dia, acordei com o olho direito vermelho sangue, sem conseguir nem abrir direito. Achei que era conjuntivite, corri pro primeiro oftalmologista do plano de saúde que tinha horário livre. Diagnóstico: intolerância à lente. Quase chorei ali mesmo. E cá estou, usando os óculos medonhos que deixam meu nariz oleoso e machucam atrás da orelha.

A solução é uma só: seguindo o exemplo da minha irmã Dani, marquei a cirurgia. Estou de passagem comprada pra Brasília – é, porque eu só tenho coragem de operar se for com o Dr. Vicente, meu oculista desde criança – e entro na faca (ou melhor, no laser), pela primeira vez na vida, no dia 3 de julho.

Se não dá medo? Muito medo! Ainda mais quando me lembro que vou ficar de olho aberto, vendo toda a operação. Pôxa, não podiam fazer com anestesia geral? Mas aceito qualquer coisa pra não ter que passar o resto da vida usando óculos. E a Dani falou que não tem nada melhor que acordar enxergando tudo. Adeus miopia, sai desse olho que não te pertence!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

O terminal


Não conheço ninguém que tenha ido, num curto espaço de tempo, tantas vezes ao aeroporto quanto eu. Pior, nenhuma delas pra viajar. Quem viaja muito, mas muito mesmo, é a minha família.

Há mais ou menos um mês, busquei meus pais, que vinham de Brasília. Uma semana depois, levei os dois e a minha avó, de partida para a serra gaúcha. Mais duas semanas e eles voltaram. E lá fui eu de novo pro Galeão. Seis dias depois, meus pais foram pra Brasília. Adivinha quem levou no aeroporto? Mas a melhor história mesmo foi da Vivi, aquela minha irmã que vocês já conhecem desde criancinha...

A Vivi ia passar o feriado de Corpus Christi em Vitória, na casa da sogra. Mas era mais barato vir pro Rio passar a noite e ir daqui pro Espírito Santo. Me ligou e disse que iam, ela e o marido, chegar ontem às 8:30 da noite num vôo da Gol. Como trabalho perto do aeroporto, decidi ir direto pra lá.

Cheguei às seis e pouco no aeroporto. Num lugar sem nada pra fazer exceto olhar aviões decolando ou vitrines de lojas, optei pela segunda alternativa. Perigo iminente! Pra começar, tomei dois cafés e comi um pão de queijo. Isso não levou nem vinte minutos. Ainda faltava uma longa hora e meia pra gastar. Nesse intervalo, consegui comprar cinco livros – daqueles de bolso, saíram todos pelo preço de um livro normal, mas já foi um rombo no orçamento –, a Piauí de junho, um xampu daqueles caros e o creme rinse do conjunto e uns óleos de massagem d’O Boticário, que a vendedora me convenceu a levar, dizendo que eram edição limitada para o dia dos namorados e que já estavam em falta em algumas lojas. Graçasadeus, a essa altura já tava perto da hora do avião da minha irmã chegar. Aí toca o meu celular. Era a Vivi. Dizendo que não vinha mais!

Meu cunhado tinha comprado as passagens pela internet. Recebeu o e-mail de confirmação mas, claro!, não leu. Aí a Vivi tirou, não sei de onde, um número de vôo da Gol – aquele que ela me deu o horário – e achou, não sei por quê, que era nesse vôo que eles vinham. Foram pro aeroporto de Brasília, onde passaram duas horas e meia na fila da Gol (ela até me ligou da fila, dizendo que o check-in tava um caos). Chegou a vez deles embarcarem a bagagem e... o nome deles não estava na lista. Foi aí que os dois descobriram que o vôo deles era, na verdade, o da TAM que tinha saído de Brasília às cinco e meia da tarde e que já tinha, inclusive, chegado no Rio. Juntei minhas sacolas e fui pra casa.

Quanto às notinhas das compras, vou mandar pra Vivi!

PS: Esses dois têm um extenso histórico de perda de aviões. Meu cunhado conseguiu, certa vez, perder TRÊS vôos numa curta estada dele na Alemanha. Ontem, quando ligaram pra contar à minha sobrinha de 8 anos, filha deles (que já está em Vitória), do acontecido, ela respondeu: “Ah, novidade! Isso me impressiona muito...”

De uma hora pra outra...


[ilustração do weno]


...alguém que até ontem eu nem conhecia entra de supetão na minha vida. E me tira o sono, o ar, a capacidade de pensar em qualquer outra coisa. E fico ansiosa por um telefonema que, por experiência, sei que não deveria esperar. Mas o telefone toca! Aí eu fico sem voz, sem graça, sem assunto (mesmo com tanta coisa pra dizer). E, ao me desejar boa noite, pede que eu sonhe com ele. Nem precisava pedir!

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Darwinismo às avessas

Outro dia vi um filme que me deixou meio preocupada. Era um filme bobo, mas partia de uma premissa que eu considerei bastante válida.

Logo nas primeiras cenas de Idiocracy, aparece um casal inteligente, ela PhD e ele CEO de alguma multinacional, enumerando as razões pelas quais ainda não se sentem preparados para ter filhos. O filme vai mostrando o mesmo casal a cada cinco anos, sempre com algum novo motivo para não procriar ainda. Até que o casal aparece, já cheios de rugas, dizendo que resolveram finalmente formar uma prole, já fizeram diversos tratamentos de fertilidade, mas nada deu certo.

Corta pra um jogador de futebol americano completamente palerma, cercado por cheerleaders igualmente estúpidas. Ele diz: "Vou comer todas elas!". E todas ficam grávidas.

Corta pro futuro distante, daqui a não-sei-quantos anos. A Terra é habitada por uma população totalmente formada por imbecis completos. O filme é ruim, não vale a pena ver. Mas me deu um medo...